terça-feira, 24 de julho de 2012

Retrocesso


O Contraponto

“Retrocesso”

Vamos combinar que essa história de parto em casa, parto na banheira, qualquer nascimento fora de um hospital é um verdadeiro retrocesso.

Que a vida é feita de modismos, isso já sabemos. Que as preferências mudam a todo momento, vão e voltam, ok. Mas quando essa atitude saudosista serve para trazer de volta também os riscos... Aí,  já é hora de pararmos pra pensar.
Argumenta-se que é um direito da mulher poder escolher como parir e que isso é um processo natural dado por Deus. É, acreditem! Eu li isso no jornal. Daqui a pouco, vamos voltar a parir com a bacia de água quente ao lado e o tesourão pra cortar o cordão.
Quando lemos uma história do PM ou do Bombeiro que realizou o parto na rua ou na “patrulhinha”, muitos acham emocionante. Mas isso acontece pela dificuldade de atendimento enfrentada por uma população carente. Não é uma escolha, é falta de opção.
O problema é que quando vejo as mulheres famosas levantando a bandeira do parto em casa, imagino que outras mulheres se inspirarão. Mas eu duvido que essas famosas não tenham todo suporte, em caso de urgência, em stand by. E as outras? Terão também?
Portanto, gravidíssimas, atenção: eu também acredito que ter um filho é um processo abençoado por Deus mas a vida evoluiu e não temos que procurar chifre em cabeça de cavalo para atrapalharmos tudo isso. 
Cupcakes - Chelsea Market, New York - 2011

9 comentários:

  1. Angélica, muito boa a sua colocação. Quem está levantando a bandeira do parto em casa, é realmente quem tem condição de ter um suporte de atendimento de stand by ao seu redor como muito bem lembrou. Até agora não vi depoimentos daquela usuária do SUS, que mora longe, não tem plano de saúde e nem condição de ter uma "doula" ou de pagar uma parteira ou médico que vá em casa dar assistência. Tenho certeza que essas mulheres querem um parto humanizado hospitalar, com toda a assistência a que têm direito. Espero que esse "modismo" acabe antes de, como você muito bem lembrou, pensem em voltar a parir com uma bacia de água quente ao lado e um tesourão. Já pensou num retrocesso maior que após o parto cismarem de comer a placenta, alegando ser algo benéfico para a mãe e para o bebê???!!! Lamento também que o presidente do Coren/RJ tenha vindo à público defender o parto em casa.Realmente ele não refletiu sobre as consequências desse retrocesso/modismo... Acho que realmente as pessoas não estão refletindo sobre as consequências dos seu atos. Dar a luz é um ato de amor!

    ResponderExcluir
  2. Concordo . É no mínimo bizarro . Retroceder em mais de 100 anos com as altíssimas taxas de mortalidade materno -fetal. Se é assim , o mais coerente seria abandonar todo e qualquer avanço da medicina , como antibióticos , cirurgias de revascularização , cirurgias para apendicite , etc, etc etc.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já são tantas as complicações estando num hospital. Imagine fora dele.

      Excluir
  3. A minha mãe estava lembrando outro dia desses de algumas curiosidades da época dela. P.ex.: quando o RN tinha icterícia, vestiam-no todo de amarelo! E havia um mal muito comum que era o "mal de sete dias"; na verdade, o tétano neonatal. Eu não acho que o retrocesso seria a esse ponto. Rsrs. Mas achei curioso como evoluímos em tão pouco tempo (a minha mãe tem 65 anos).

    ResponderExcluir
  4. Antes de ler o comentário da sua mãe, Angélica, eu estava mesmo pensando no mal de sete dias!!rsrsrsr Que retrocesso!! E lembrei de uma coisa que minha mãe disse que fizeram ela tomar após os partos (em hospitais) após chegar em casa: Água inglesa, para limpar o organismo após o parto!! Não sabia que o organismo ficava sujo após o parto!!!rsrsrs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O que é água inglesa? Tudo é moda, né?! A filha da minha amiga tinha um pediatra "chique" em São Paulo que mandava lavar o rosto só com água mineral Prata! Rsrs

      Excluir
  5. Não gosto de parto em casa, todos os meus dois filhos nasceram em hospital, mas defendo ainda mais a desintromissão do Estado na vida dos cidadãos. Se a paciente quiser e o seu obstetra aceitar fazê-lo por considerar que o seu acompanhamento pré-natal permite-lhe prever um baixíssimo risco de complicação, deixemos ambos em paz. O médico está ciente que responde por negligência e imprudência junto ao Código Civil de Ética Médica. Apostando que o Poder Judiciário terá o mesmo entendimento que eu, prevejo aqui que está resolução do CREMERJ será anulada. Assim como na discussão da morte, que o Estado para de se intrometer na vida privada dos cidadãos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fernando, acho que CREMERJ pode informar se está de acordo ou não. Eu também acho que todo mundo é dono do seu corpo mas não gosto dessa bandeira amplamente defendida como se parto domiciliar fosse uma maravilha.

      Excluir