O Contraponto
“Cotas no Supremo”
Acompanhando
o julgamento do Mensalão, podemos perceber que o Ministro Joaquim Barbosa está
incomodando e muito com seu posicionamento inabalável a favor da condenação dos
réus.
Dizem as
más línguas que ele já tornou-se persona
non grata ao PT (Partido dos Trabalhadores). Sorte dele! Desculpem-me os PTistas...
O Ministro foi escolhido durante o governo Lula, em meio a outros candidatos
negros. Dizem que é o primeiro negro no Supremo, mas isso é uma quase verdade
como muitas outras por aí, porque já passaram por lá outros dois. Ele é chamado
por alguns como o Ministro por cota. É demérito chegar a algum lugar pela Política
das Cotas?
Ihhh, esse
contraponto está polêmico demais! Começamos com o Mensalão, passando por opção
partidária, visitando a necessidade de ter um Ministro do Supremo negro num
país como o Brasil (um país formado por etnias tão definidas, não é mesmo?!). E
ainda chegamos na Política de Cotas! Aff, estou num campo minado...
Com
absoluta certeza, o Ministro em questão não precisava de lançar mão das cotas
para chegar ao seu atual cargo. É só dar uma lidinha na biografia dele e ver
seus títulos, carreiras nacional e internacional, além de todas as línguas que
ele domina. Ele veio de uma família de oito filhos, estudou em escola pública
mas numa época em que escola pública era lugar de ensinar e aprender, era onde
formava-se vencedores!
E hoje?
Tarefa inglória, heim?
Quando
surgiu a Política das Cotas, eu e a minha irmã já estávamos na Universidade
Federal, estudando Medicina e Direito. E eu pensava “graças a Deus que viemos
antes das Cotas”. Mais um demérito para nós? Teremos que além de provar que
negros podem ter sucesso, ainda teremos que provar que não precisamos das
cotas!
Todo mundo
sabe que o ideal é o cidadão desde o início do seu aprendizado, ter direito a
uma escola de verdade e que não precise lançar mão de um privilégio no final.
Isso já é lugar comum. Mas não podemos
esquecer que esta deficiência é uma falha de muitos e muitos anos. Não se
conserta assim de uma hora pra outra. Não são todos que têm a oportunidade de
pagar para aprender. É preciso, então, que estas pessoas tenham direito a esta
cota para poderem ter a oportunidade de crescer e, no futuro, proporcionar um
futuro melhor para os seus filhos. E aí, as cotas já não serão mais necessárias.
Não
cheguei a essa conclusão sozinha. Precisei de ajuda!
St. Maarten - 2007 |
Verdade Angélica. eu me formei bem antes do sistema de cotas para negros em uma universidade pública. Quando você fala em educação de verdade em escola pública, lembro dos meus pais os quais sempre falam da escola de "suas épocas" com um certo saudosismo o que já era muito diferente da "minha" época, numa época em que eu até tinha aula de educação musical e tratávamos os nossos professores com respeito.
ResponderExcluirmuitas pessoas se esquecem que o sistema de cotas na educação pública de nível superior é algo quase que recente, mas quando sou perguntada qual a universdidade que cursei, me olham com aquela cara: hum...só estudou lá por conta do sistema de cotas." Como se ser cotista fosse algo menor.
Acho um desrespeito ou melhor dizer preconceito(?) com o Ministro do Supremo Joaquim Barbosa, chamá-lo de Ministro por cota. Parece que com essa forma de falar estão duvidando da sua capacidade para ocupar o cargo. Se o referido ministro fosse "branco", como algumas pessoas se auto-definem, fariam tal comentário? Acho que as cotas são válidas para que todos tenham acesso ao ensino de qualidade em uma univesidade pública, mas apenas não devemos exagerar, quando alguns sugerem que até para os concursos públicos, também deveria haver tal sistema.
Estou torcendo pelo Ministro Joaquim Barbosa. Se ele não tivesse competência, não estaria ocupando o cargo. Que ele faça um grande trabalho condenando os mensaleiros.
Não há explicação razoável para a política de cotas ser aplicada em concursos públicos, tendo em vista que os candidatos já finalizaram o processo de aprendizado.
ResponderExcluirOlá Angélica, como liberal de carteirinha, a ideia de corrigir injustiças por decreto me causa desconforto. Feita com as melhores intenções, cada uma dessas "afirmative actions" gera outras distorções, e afinal chegamos nesse arramado de direitos adquiridos que engessa nosso mundo. Também nesse assunto: Quando menos vale mais.
ResponderExcluirHelmut
Concordo que deve-se simplificar e não complicar. Mas acho que tudo está tão aquém que não é possível dar um salto de uma só vez. Talvez seja melhor dar uns pulinhos!
ExcluirQuanto ao Ministro do Supremo Joaquim Barbosa, sempre me chamou a atenção, não a sua cor, porque isso nao faz a menor diferença, mas sim a sua postura. Me parece ser uma pessoa coerente com a sua função. Talvez por ter tido uma vida de conquistas (provavelmente mais dificil do que a da maioria de nós0, por isso sabe dar o devido valor ao que significa 'principio'. Quanto a questão das cotas, concordo em parte. Acho que as cotas deveriam estar vinculadas a renda familiar da pessoa e não a sua cor. Desta forma, aqueles que tiveram educação em escola publica, sejam pretos, brancos, amarelos ou vermelhos, teriam direito a disputar determinado numero de vagas. Além disso, sou a favor do investimento em educação desde a sua base, o ensino fundamental. Somente assim, conseguiriamos uma verdadeira transformação na nossa sociedade....
ResponderExcluirFernanda, quanto ao Ministro, não restam dúvidas! Em relação às cotas, é fato que o nosso país precisa melhorar e muito o ensino fundamental público, porém, não se muda da água para o vinho, há um processo longo de mudança que precisa ser efetivado. Uma sociedade não pode viver guiada por uma política de cotas. Quanto as cotas serem para os menos favorecidos, ok, justo. Mas vendo a divisão histórica da sociedade, nessas escolas, a maioria ainda é, pelo menos, "parda". Muitos não fugirão a regra, não! Agora, eu pergunto: quantos negros estudavam na sua turma? Na minha, acho que eu e mais um. Veja bem, não acho que as cotas sejam a solução. Só passei a entendê-las como necessárias para tornar possível um equilíbrio no futuro.
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