segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Greve

O Contraponto

Greve


Existe um momento na vida de um país, em que várias classes de trabalhadores decidem orquestradamente entrar em greve. Um bom momento é o ano das eleições.

O direito à greve é uma grande e inalienável conquista obtida pela classe trabalhadora. É através deste instrumento que tem-se a oportunidade de reinvidicar-se melhores salários, condições mais adequadas de trabalho, uma vida laborativa mais digna.

O ato constitucional que legaliza a greve é o mesmo que afirma que a lei determinará os serviços essenciais a serem cumpridos à comunidade e que caso não sejam cumpridos, qual a penalidade será estabelecida.

Revoltar-se contra a greve é uma tolice, é revoltar-se contra um direito adquirido por uma sociedade ao longo dos séculos (a primeira greve no Brasil ocorreu ainda no século XIX), é retroceder no processo democrático. Quando vejo universidades federais que estavam em greve, com grande potencial educacional, científico existente nelas e passando por um processo profundo de degradação, eu só posso imaginar que tenha sido legítimo porque era a busca por um futuro melhor. Ao ver profissionais da saúde entrando em greve, mantendo o atendimento em casos emergenciais, acredito que o prejuízo ao direito da vida e saúde seja maior quando o cidadão está sendo atendido sem lugar nem para sentar, em condições insalubres e sem o material básico necessário. Quando policiais federais entram em greve, embora muitos de nós não achemos seus salários irrisórios, eles reinvidicam melhores condições de trabalho nas fronteiras para o combate ao narcotráfico.

Mas o direito de um termina exatamente aonde começa o direito do outro. E essa linha tênue é difícil de determinar.

Se a reinvidicação não for justa, cabe ao Estado conseguir provar que ela não é e punir quem for de direito. Se ela for justa, justíssima, cabe ao mesmo Estado "colocar a viola no saco" e atender as solicitações. 

Agora o que não dá mesmo é que todos se esqueçam do direito do cidadão comum, aquele que vai usufruir dos serviços oferecidos. Este cidadão que tem a obrigação de respeitar o direito dos grevistas, entender que é para um futuro melhor e que isso faz parte da Democracia. Este cidadão que não pode ter o seu direito infringido de ir e vir (em grandes vias, aeroportos), de cumprir seu trabalho sem que haja impedimento no seu caminho, de receber medicações fundamentais na luta contra sua doença com risco de morte porque a fiscalização da vigilância sanitária não lembrou da obrigação de manter o fluxo de emergência em tempos de greve).

Ok, até aqui não estamos falando nenhuma novidade! E como dar uma solução para isto sem que tenhamos um cachorro correndo atrás do próprio rabo? Já sabemos que alguns países conseguiram reduzir dramaticamente os movimentos grevistas tenha sido por ataque direto e articulado ao movimento como aconteceu nos EUA, na década de 80, ou com diminuição das diferenças sociais ou efetivando reformas.

Será que o nosso país comporta um funcionalismo público tão numeroso e caro? Ou é melhor pensar em privatização dos serviços prestados? 

Manobras de opressão à greve como a que aconteceu no governo Reagan, nos EUA, durante a greve dos controladores de vôo, quando o movimento foi esmagado, ao haver substituição dos controladores por militares, seguida por exoneração dos grevistas impedindo que eles regressassem ao serviço público, são legítimas?

O que fazer realmente para diminuir a insatisfação da classe trabalhista e da população? 

http://oglobo.globo.com/economia/nos-eua-greve-de-controladores-foi-derrotada-por-reagan-4205186
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-06-28/greve-na-universidade-nao-nunca-diz-presidente-de-universidade-suica-eth.html

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